quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

BRUNA – CAPÍTULO 31 – NÃO É O MESMO

Estávamos em um trem, Drake hipnotizou a mulher que recebia os tickets e os passageiros que estavam em nosso acento, eles deram seus tickets e saíram do trem, ele fez com uma naturalidade, como se sempre fizesse isso, eu não sei fazer direito, isso que sou mais velha que ele em idade de vampiro.
Eu sentia nele uma raiva que ele não expressava e não colocava para fora, eu não sabia por que e por quem. Comecei a conversar com ele, a viagem demoraria algumas horas, então tínhamos que saber mais um do outro.
-Você está bem?-perguntei.
-Estou, por que não?-ele estava na defensiva.
-Por que você está estranho.-Falei.
-Eu morri garota, você quer o que?
-Não é só isso.-Falei.
-Quer tricotar? Ser BFF?-Ele riu da minha cara.
-É ela não é?
-Quem?-Ele falou.
-Lisa.
Ele riu.- O que houve Bruna?
-Você estava apaixonado quando morreu.
-Cala a boca.- Ele disse e pegou uma revista que estava no chão ao seu lado.
-Sim, você queria estar com ela agora.
Ele sutilmente e rápido colocou sua mão em meu pescoço e começou a apertar firme, fazendo uma pressão aumentar em minha cabeça, parecia que ela iria explodir.
-Você não vai calar sua boca?-Ele me soltou após.
Ninguém havia visto, isso era estranho, pelo jeito foi muito rápido.
Eu fui para o banheiro, queria quebrar tudo, mas principalmente a cara dele, por que ele fez isso? O que ele queria de mim?  Não era esse garoto que eu queria na viagem, queria aquele Drake que conheci, que me ajudou quando tudo aconteceu e me defendeu enquanto todos queria que eu morresse. Esse parece ser uma versão maluca e psicótica. Não entendo como o vampirismo o afetou tanto. Foram os motivos de sua morte? Foi os acontecimentos repentinos? Não dá para entender ele, pode ser que sua cabeça esteja em transformação, mas não deveria agir tão radicalmente.
Eu me sentei ao seu lado, não o olhei apenas fiquei olhando para o corredor e vendo as pessoas, e como elas estavam cagando para suas vidas, não sentiam a importância de respirar e poder andar normalmente perto de outras pessoas. Isso me fez lembra Simon, ele teria nos matado se descobrisse, ele não iria deixar dois recém criados irem em um trem cheio de carne humana ambulante. Ele teria me protegido do Drake, ele teria brigado com Drake, ele me pegaria e me levaria para longe, mas agora longe eu estou, longe de um conforto e perto de um maníaco.
Após 5 horas de viagem chegamos em Paris, eu apenas queria respirar o ar Francês, não interessa se ele não fazia mais efeito para mim, mas eu precisava sentir o cheiro da arte, da cultura e da classe que Paris tem.
-Vamos para onde? – Ele me perguntou.
-Você escolhe Majestade.- Me curvei.
-Você vai ser ridícula na viagem?
-Você vai ser um merda?-Perguntei.
Ele riu. – Você fica excitante nervosa.- Ele me puxou com seu braço pelo pescoço, me colocou colado nele e seguimos como se fossemos um casal. Isso eu gostei, mas tinha medo.
Andamos mais um pouco e chegamos em frente a um ponto de táxi.
-Me diga para onde vamos?-Ele perguntou.
-Você que escolhe.
-Não, você Bruna, é um pedido de desculpa, hoje o dia é seu.- Ele sorriu.
Eu não me aguentei e o beijei na boca.- Quero o hotel mais caro de Paris.
-Ele será nosso.- Drake sorriu e entramos no táxi.
Óbvio que no final, Drake hipnotizou o taxista e chegamos em frente ao Four Season Hotel George, na sua maravilha clássica, eu me sentia em um filme romântico, era tudo lindo e impecável.
Chegamos a recepção e Drake começou a falar em Francês. Eu estranhei.
-Você sabe falar Francês?-Perguntei assustada.
-Sim, aprendi no trem?
-Como?
-Lendo a revista.-ele riu.
-Mas rápido?
-Minha cabeça esta sem bloqueios, apenas comecei a ler a revista, e minha cabeça começou a similar com vocabulário inglês, nossa própria mente faz isso.
-Então o que você pediu pra ele?
-Um quarto no nome dele, já que somos amigos dele e ele fará todas as despesas em seu nome.
Eu apenas ri e me senti culpada, provavelmente aquele homem seria demitido. Provavelmente uma taça de champanhe deve ser o salário dele.
Fomos para o quarto, ele era enorme lindo, com textura azul nas paredes e na cama, com tom clássico e móveis antigos e a varanda, eu sai correndo até ela, ela tinha vista para Torre Eiffel.
-É magnifico.-Eu sussurrei. Drake chegou em minha costas e me abraçou.-Eu amo isso.
-Ama o que?- Ele perguntou.
-Amo estar com você aqui, só nós dois.
-Será pra sempre.- Ele me virou e começou a me beijar. Fomos até a cama, eu sei que ele queria algo, mas eu o parei.
-Vamos jantar e depois faremos.-Eu sorri.
-Jantaremos no restaurante mais caro.- Ele falou.
-Então irei as compras e volto logo.- Eu sorri e o beijei.
-Lhe espero aqui.- Ele sorriu.
Eu saí pelas ruas e fui atrás de grifes e lojas caras, hipnotizei atendentes, cuidei para que ninguém visse, mas posso dizer que muitas mulheres não receberão salário esse mês. Tudo era mágico, me dava vontade de sair saltitando por aí, a música, as cores, o estilo, tudo me fazia sorrir, eu não queria ir embora nunca mais deste lugar, se pudéssemos, pegaríamos uma casa, ajeitaríamos ela, e ficaríamos ali, teríamos alimentação e tudo mais, mas sei que eles iam vir atrás dele, e isso não iria demorar, ele vai ser perseguido para sempre e eu não podia deixar isso, eu teria que ajuda-lo e principalmente ajuda-lo a controlar suas emoções, a voltar  a ser o garoto que pela qual eu me apaixonei. Mas tinha uma coisa boa nisso, nós poderíamos viajar pelo mundo inteiro, cada semana em um país e cada semana fazendo amor com uma vista diferente.
Ao voltar ao hotel uma pequena e desagradável surpresa. Entrei no quarto e Drake estava lá nu e dormindo com mais três mulheres, elas estavam sem mordidas, mas nuas também. Eu derrubei as sacolas e sai do hotel correndo, eu queria ir embora, fugir, ir para qualquer lugar, menos ficar ali com aquele merda, eu estava planejando coisas, sendo idiota, pensando que ele poderia mudar por mim, mas não podia, eu fui atrás de alguém na rua, pedi o celular da pessoa e comecei a pesquisar alguns contatos que só o Senhor Google poderia me passar, achei o que eu queria.
Eu estava tremendo, nervosa e chorosa, queria bater nele, mas não queria nunca mais vê-lo. Eu sou ridícula por me apaixonar por alguém que morreu. Drake morreu, se foi, nunca mais volta ao normal, será que eu não entendia isso, será que eu não poderia ver que as coisas que pela qual ele lutava e o deixava vivo se foram também.
Digitei o número e vi que o dono do celular ainda estava ao meu lado, eu o mandei ir embora e sai para um beco entre algumas casas.
O telefone atendeu.

-Simon, por favor, vem me pegar em Paris, preciso de você e você precisa ver alguém que está aqui.

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