Estávamos
em um trem, Drake hipnotizou a mulher que recebia os tickets e os passageiros
que estavam em nosso acento, eles deram seus tickets e saíram do trem, ele fez
com uma naturalidade, como se sempre fizesse isso, eu não sei fazer direito,
isso que sou mais velha que ele em idade de vampiro.
Eu
sentia nele uma raiva que ele não expressava e não colocava para fora, eu não
sabia por que e por quem. Comecei a conversar com ele, a viagem demoraria
algumas horas, então tínhamos que saber mais um do outro.
-Você
está bem?-perguntei.
-Estou,
por que não?-ele estava na defensiva.
-Por que
você está estranho.-Falei.
-Eu
morri garota, você quer o que?
-Não é
só isso.-Falei.
-Quer
tricotar? Ser BFF?-Ele riu da minha cara.
-É ela
não é?
-Quem?-Ele
falou.
-Lisa.
Ele
riu.- O que houve Bruna?
-Você
estava apaixonado quando morreu.
-Cala a
boca.- Ele disse e pegou uma revista que estava no chão ao seu lado.
-Sim,
você queria estar com ela agora.
Ele
sutilmente e rápido colocou sua mão em meu pescoço e começou a apertar firme,
fazendo uma pressão aumentar em minha cabeça, parecia que ela iria explodir.
-Você
não vai calar sua boca?-Ele me soltou após.
Ninguém
havia visto, isso era estranho, pelo jeito foi muito rápido.
Eu fui
para o banheiro, queria quebrar tudo, mas principalmente a cara dele, por que
ele fez isso? O que ele queria de mim?
Não era esse garoto que eu queria na viagem, queria aquele Drake que
conheci, que me ajudou quando tudo aconteceu e me defendeu enquanto todos
queria que eu morresse. Esse parece ser uma versão maluca e psicótica. Não
entendo como o vampirismo o afetou tanto. Foram os motivos de sua morte? Foi os
acontecimentos repentinos? Não dá para entender ele, pode ser que sua cabeça
esteja em transformação, mas não deveria agir tão radicalmente.
Eu me
sentei ao seu lado, não o olhei apenas fiquei olhando para o corredor e vendo
as pessoas, e como elas estavam cagando para suas vidas, não sentiam a importância
de respirar e poder andar normalmente perto de outras pessoas. Isso me fez
lembra Simon, ele teria nos matado se descobrisse, ele não iria deixar dois
recém criados irem em um trem cheio de carne humana ambulante. Ele teria me
protegido do Drake, ele teria brigado com Drake, ele me pegaria e me levaria
para longe, mas agora longe eu estou, longe de um conforto e perto de um maníaco.
Após 5
horas de viagem chegamos em Paris, eu apenas queria respirar o ar Francês, não
interessa se ele não fazia mais efeito para mim, mas eu precisava sentir o
cheiro da arte, da cultura e da classe que Paris tem.
-Vamos
para onde? – Ele me perguntou.
-Você
escolhe Majestade.- Me curvei.
-Você
vai ser ridícula na viagem?
-Você
vai ser um merda?-Perguntei.
Ele riu.
– Você fica excitante nervosa.- Ele me puxou com seu braço pelo pescoço, me
colocou colado nele e seguimos como se fossemos um casal. Isso eu gostei, mas
tinha medo.
Andamos
mais um pouco e chegamos em frente a um ponto de táxi.
-Me diga
para onde vamos?-Ele perguntou.
-Você
que escolhe.
-Não,
você Bruna, é um pedido de desculpa, hoje o dia é seu.- Ele sorriu.
Eu não
me aguentei e o beijei na boca.- Quero o hotel mais caro de Paris.
-Ele
será nosso.- Drake sorriu e entramos no táxi.
Óbvio
que no final, Drake hipnotizou o taxista e chegamos em frente ao Four Season
Hotel George, na sua maravilha clássica, eu me sentia em um filme romântico,
era tudo lindo e impecável.
Chegamos
a recepção e Drake começou a falar em Francês. Eu estranhei.
-Você
sabe falar Francês?-Perguntei assustada.
-Sim,
aprendi no trem?
-Como?
-Lendo a
revista.-ele riu.
-Mas
rápido?
-Minha
cabeça esta sem bloqueios, apenas comecei a ler a revista, e minha cabeça
começou a similar com vocabulário inglês, nossa própria mente faz isso.
-Então o
que você pediu pra ele?
-Um
quarto no nome dele, já que somos amigos dele e ele fará todas as despesas em
seu nome.
Eu
apenas ri e me senti culpada, provavelmente aquele homem seria demitido.
Provavelmente uma taça de champanhe deve ser o salário dele.
Fomos
para o quarto, ele era enorme lindo, com textura azul nas paredes e na cama,
com tom clássico e móveis antigos e a varanda, eu sai correndo até ela, ela
tinha vista para Torre Eiffel.
-É
magnifico.-Eu sussurrei. Drake chegou em minha costas e me abraçou.-Eu amo
isso.
-Ama o
que?- Ele perguntou.
-Amo
estar com você aqui, só nós dois.
-Será
pra sempre.- Ele me virou e começou a me beijar. Fomos até a cama, eu sei que
ele queria algo, mas eu o parei.
-Vamos
jantar e depois faremos.-Eu sorri.
-Jantaremos
no restaurante mais caro.- Ele falou.
-Então
irei as compras e volto logo.- Eu sorri e o beijei.
-Lhe
espero aqui.- Ele sorriu.
Eu saí
pelas ruas e fui atrás de grifes e lojas caras, hipnotizei atendentes, cuidei
para que ninguém visse, mas posso dizer que muitas mulheres não receberão
salário esse mês. Tudo era mágico, me dava vontade de sair saltitando por aí, a
música, as cores, o estilo, tudo me fazia sorrir, eu não queria ir embora nunca
mais deste lugar, se pudéssemos, pegaríamos uma casa, ajeitaríamos ela, e ficaríamos
ali, teríamos alimentação e tudo mais, mas sei que eles iam vir atrás dele, e
isso não iria demorar, ele vai ser perseguido para sempre e eu não podia deixar
isso, eu teria que ajuda-lo e principalmente ajuda-lo a controlar suas emoções,
a voltar a ser o garoto que pela qual eu
me apaixonei. Mas tinha uma coisa boa nisso, nós poderíamos viajar pelo mundo
inteiro, cada semana em um país e cada semana fazendo amor com uma vista
diferente.
Ao voltar
ao hotel uma pequena e desagradável surpresa. Entrei no quarto e Drake estava
lá nu e dormindo com mais três mulheres, elas estavam sem mordidas, mas nuas
também. Eu derrubei as sacolas e sai do hotel correndo, eu queria ir embora,
fugir, ir para qualquer lugar, menos ficar ali com aquele merda, eu estava
planejando coisas, sendo idiota, pensando que ele poderia mudar por mim, mas
não podia, eu fui atrás de alguém na rua, pedi o celular da pessoa e comecei a
pesquisar alguns contatos que só o Senhor Google poderia me passar, achei o que
eu queria.
Eu
estava tremendo, nervosa e chorosa, queria bater nele, mas não queria nunca
mais vê-lo. Eu sou ridícula por me apaixonar por alguém que morreu. Drake
morreu, se foi, nunca mais volta ao normal, será que eu não entendia isso, será
que eu não poderia ver que as coisas que pela qual ele lutava e o deixava vivo
se foram também.
Digitei
o número e vi que o dono do celular ainda estava ao meu lado, eu o mandei ir
embora e sai para um beco entre algumas casas.
O telefone
atendeu.
-Simon,
por favor, vem me pegar em Paris, preciso de você e você precisa ver alguém que
está aqui.